8.24.2003

MÚSICA E POEMA

Há músicas e poemas que são completos e dizem o que você pensa/sente. Por isso eu às vezes posto umas músicas e poemas aqui que não são meus. Porque eles parecem ler meu pensamento. E esse é um fenômeno que aconteceu quando eu escutei pela primeira vez - e todas as outras vezes também - Shine on You Crazy Diamonds, do Pink Floyd; Rock´n´roll Suicide, do David Bowie; O Vencedor, dos Los Hermanos e quando eu li o Poema Sujo do Ferreira Gular - que é, inclusive, de onde eu copiei o nome do blog. E, no caso das músicas, não é uma questão só da letra, mas também do som. São músicas que, além da letra muito foda, tem arranjos surpreendentes, que nasceram perfeitos para preencher as palavras que são cantadas.
"TOO OLD TO LOSE IT, TOO YOUNG TO CHOOSE IT"

Essa também é foda pra caralho.

Rock'n'Roll Suicide

Time takes a cigarette, puts it in your mouth
You pull on your finger, then another finger, then your cigarette
The wall-to-wall's calling, it lingers then you forget
You're a rock'n'roll suicide

You're too old to lose it, too young to choose it
And the clock waits so patiently on your song
You walk past the cafe but you don't eat when you've lived too long
You're a rock'n'roll suicide

Chev brakes are snarling as you stumble across the road
But the day breaks instead so you hurry home
Don't let the sun blast your shadow
Don't let the milk floats ride your mind
So naturally, religiously unkind

Oh no love! You're not alone
You're watching yourself but you're too unfair
You got your head all tangled up but if I could only make you care
Oh no love! you're not alone
No matter what or who you've been
No matter when or where you've seen
All the knives seem to lacerate your brain
I've had my share so I'll help you with the pain
You're not alone just turn on with me
You're not alone let's turn on and be
You're not alone gimme your hands
You're wonderful gimme your hands
You're wonderful gimme your hands

8.22.2003

MORTE - post circunstancial desenvolvido após uma longa conversa na frente da praia

Vocês já tiveram vontade de se matar pra ver quem se importaria de verdade?

Verdade é que, sim, é foda quando alguém morre. É estranho alguém, que pensava e vivia há pouco tempo, não existir mais. O fato dessa pessoa ter ocupado - de alguma maneira, por alguns instantes, em algum momento de algum dia - o seu pensamento, dela já ter estado conversando com você, não importa o que - se um simples "oi" ou uma longa conversa de horas - já transforma sua morte numa ausência estranhamente inexplicável. A morte é uma parada indecifrável. Esse ano morreram algumas pessoas com quem eu tive muito contato, outras com quem eu tive menos, e outras que estavam muito presentes na vida de amigos meus. E, em todos os casos, ela é difícil de se lidar. Tudo isso me fez pensar muito nesse assunto. E, respondendo à pergunta inicial, eu já pensei várias vezes "se eu morresse, acho que não faria tanta falta. Seria legal tentar ver se isso é verdade". É e não é. A partir do momento em que você existe, você já faz parte da vida de muita gente - que, obviamente, se tornaria diferente com a sua ausência, para algumas pessoas mais e outras menos. Mas também, é ilusão - e egocentrismo - achar que alguém iria carregar eternamente a sua morte pela vida afora - as pessoas vivem e não somente em função de uma pessoa.

Portanto, foda-se e não pensemos nisso. Até porque isso existe, independente do nosso pensamento.


Blogs

Essa coisa de ler blogs é meio viciante. Você lê um, vai no link. Lê o do link e vai no outro link. Quando você vê, leu muitos blogs. E, no final, fica com vontade de escrever no seu blog - que é o que estou fazendo agora, em vez de revisar o texto atrasado pro estágio.

Vida de merda!

8.21.2003

CRAZY DIAMOND

Essa música é muito foda... E a introdução?? Putaquiupariu!!! Já tava há um tempo sem escutá-la. Os tempos já foram melhores, definitivamente.

"Shine on you crazy diamond

Remember when you were young
You shone like the sun
Shine on you crazy diamond

Now there´s a look in your eyes
Like black holes in the sky
Shine on you crazy diamond

You were caught on the cross fire of childhood and stardom
blown on the steel breeze
Come on you target for faraway laughter
come on you stranger, you legend, you martyr
and shine!

You reached for the secret too soon
You cried for the moon
Shine on you crazy diamond

Threatened by shadows at night
and exposed in the light
Shine on you crazy diamond

Well you wore out your welcome with random precision
rode on the steel breeze
Come on you raver, you seer of visions
come on you painter, you piper, you prisoner
and shine!"

8.19.2003

RIM

E no silêncio
escrevo versos rasgados
pra te lembrar de que tudo
apesar do esforço dobrado
sempre chega ao fim.
Versos soltos
do que um dia já foi estridente
momentos estranhos
ensolarados e esgarçados
que do desgaste do papel
aparecem como gritos roucos
que pouco a pouco
tornam surdos
os cantos loucos que faziam para mim.
Mas a tristeza deve caber
dentro das horas acordadas
que mantenho guardadas
- desde anos remotos -
sem folha, sem nota e sem fotos
de toda uma vida
ruim.
E acordar
com o sol a sorrir
já parece copo cheio d'água
para quem sofre de rim.

CONHECER E DESCONHECER

É estranho, é escroto, mas é assim. São muitas as pessoas que você conhece durante a vida. E algumas, por mais forte que seja a sua relação com elas, invariavelmente vão se diluindo no tempo. Não é possível saber por quê. Mas parece que o tempo vai esmaecendo a sua imagem, os assuntos já não surgem com naturalidade, os interesses já parecem muito redundantes. Alguns acontecimentos podem enfraquecer ainda mais - e, na verdade, estes são a causa de tudo. A discordância torna-se barreira e você, de repente, percebe que já não tem mais tanta força para re-estabelecer os traços - porque este é um trabalho de esforço. As distâncias crescem tanto que você passa a desconhecer mais a pessoa do que conhecê-la. E, no final, as coisas acabam como nunca estiveram. E a culpa, se existe, nunca se sabe a quem atribuir.
Discurso


Mas eu tenho
todos os problemas
mal-resolvidos
E entendo que você
nunca me dê ouvidos
Sigo então
com minha pose de carro batido
batalha perdida
vida vazia
perdendo o sentido
Novas leituras para vocês!

Maiores instruções, nos links ao lado.

8.17.2003

Domingo


Chegava aos quarenta anos. Percebia que o tempo estava andando pra frente - ou pra trás - e ele não mudava de posição. A juventude um dia já havia sido muito mais interessante. Ela já havia sido infinita. Mas, agora, pensando bem, ele chegava à conclusão de que ela não havia durado nem um dia inteiro.

Das pessoas se espera muita coisa - ele pensava, entre baforadas do cigarro que segurava como segurava há vinte anos atrás. O ineditismo ainda existia? Não, certamente não. Pensava que sua vida foi sempre uma idéia pré-concebida. Imagem feita com cartão de crédito dentro dos cinemas mais sujos que freqüentou, dentro dos buracos mais escuros e barulhentos onde já pulou. Inédito, pra quem espera tudo, é ilusão que sai de página de livro e de muita droga na corrente sangüínea.

A vida é uma merda mesmo. Nostalgia é placebo de vida vazia. Mas toda vida é vazia, chegava ele à conclusão.

- Bom dia, amor. As crianças tão atrasadas pro colégio... Voce já pagou o telefone? Acho que a empregada tá falando demais... Que horas a gente vai passar na casa da mamãe?

Liga o som e espera ônibus passar. Passa no colégio dos filhos, posto de gasolina, trabalho. Almoça, corre com o horário, pega o salário e sai pra passear no domingo. Merda, merda, merda. Pensava nos filhos. Esperava sinceramente - ainda que pouco esperançoso - que eles não vivessem a ponto de descobrir a frustraçao.

Auto-piedade é uma merda.

8.16.2003

"No Pão de Açúcar
de cada dia
dai-nos Senhor
a poesia
de cada dia"

(Oswald de Andrade)
De novo

Estou de volta. Esses tempos de habilitação são meio complicados. É foda você pensar e planejar - o que remete ao outro post - e, por quase nada, ver sua vida atrasada por alguns meses. Po... uma merda. Tô tentando ajudar a galera da maneira que eu posso.

Mas, enfim, a vida na ECO. A cada seis meses, ela parece retornar a seis meses atrás. As mesmas situações, as mesmas conversas, as mesmas coisas de sempre. E é aquilo. Sempre bem previsível. Mas, apesar disso, ainda pode ser divertido. Basta entrar no espírito. Só que dessa vez ainda não rolou...



8.10.2003

PLANEJAMENTOS

Os planos, na imensa maioria das vezes, existem para não se concretizarem. Os planos têm uma função de ocupação. Enquanto você tem um plano, você tem futuro. Afinal, o plano sempre se resolve no futuro. Então o plano te garante o futuro. E, aos poucos, o futuro (se é que ele existe) vai se aproximando e você vê que seus planos não estavam lá, prontos, pra que você os conhecesse como fatos. Eles já são passado. Os planos eles só servem no presente, quando ainda eles não são nada e, você - lá no fundo - reconhece que nunca serão porra nenhuma. Planos foram feitos pra desmoronar. E, se eles não desmoronam, é porque eles nunca foram planos, mas sim vontades.
ODEIO JOGOS DE PALAVRAS

Odeio jogos de palavras, mas comecei a escrever uma merda qualquer, e acho que isso pode representar razoavelmente as coisas como são [estão]. Mesmo assim, foi mal pela incompetência, eu sei que tá uma merda...



Todo mundo junto
Junta todo mundo num mesmo mundo
O mundo se conjuga com o mundo de todo mundo
E é todo o mundo.
O mundo se des-junta
O mundo todo
é muito pouco
E pouca gente
pro mundo todo
Todo?
Tudo muda.
Essa aqui acho que condiz com esse momento de eu e eu mesmo.

Egocêntrico

Ausência de pensamentos.
Páre e olhe pra dentro
Sinta o vento
Esqueça o tormento.
E se aos poucos você for vendo
que tudo que você achou
um dia ter criado
desmoronou
Seja precipitado
perca o controle.
Tristeza nenhuma acolhe
o egoísmo do seu poema.
Não saiba da felicidade alheia
que a saudade presente nos dois lados
esteja mais firme do que a lua cheia
e a dor seja tão grande quanto um edema.
Enxugue com cuidado
o suor acumulado
e não divida a grandeza
contida no seu lamento.
DESCANSO

Depois de uma semana altamente ocupada por diversas coisas, que não me deixaram respirar nada, além de alguns minutos de fumaça, acho que agora, a calmaria pode se re-estabelecer. Num belo e cinza dia de chuva - os dias frios e cinzentos são muito fodas -, posso respirar em paz, o ar gelado que entra nessa janela. Também tem o dia dos pais, que faz tudo ficar um pouco mais calmo e lento. Isso porque meus pais estão viajando e meu irmão saiu. Então, depois de uma noite de muita Kovac, Marlboros e vozes conversando alto, eu, a janela, o silêncio e o computador estamos numa mesma sintonia. A de não fazer absolutamente nada. E também não há carros passando, ônibus fazendo barulhos de freios e motor, não tem gente gritando. E a chuva tá mais silenciosa do que meinha respiração. E a fumaça, daqui a pouco volta à ativa. Então, [quase] tudo perfeito. Até que enfim.

8.06.2003

DISTÚRBIOS

Falta de sono provoca distúrbios. Esse é o mais atual:

Daqui pra frente

Do bar
Dos amigos
Da cachaça da orgia
Dos amores
Das mulheres
Dos beijos das trepadas
Do conhecimento
com tanto conseguido
por nada esquecido
Perfiladas glórias
Estranhas alegrias
Melancolias
Dos choros dos soluços
Das dores escondidas
Das pessoas perdidas
- longes ou esquecidas -
De tudo que te move
Do início ao fim
do dia

Nem o cheiro
Nem o gosto
Nem o rosto
Sobra.

Apodrece e se corrompe
Acaba sempre
Nostalgia.

8.05.2003

BACK...(beque?)

Depois de algum tempo ausente, esperando manifestaçoes de leitores, volto a escrever aqui.

Mas hoje eu to sem tempo pra nada. Entao, fica pra proxima um post mais elaborado. Tenho que refilmar o desastre, fazer prova de frances, dar aula (pfff....), fazer texto pra estagio e ainda tomar esporro de nego zen que nao borbulha faz tempo...

Eh... to precisando de Roberto. Alguem?

8.01.2003

DO CHOPP

Pra que serve o chopp? Pra ficar bêbado? Não é. Certamente não. Quem quer ficar bêbado, bebe cerveja que é mais barato. Então, pra que serve?

O chopp é uma coisa única. O gosto pode não ser tão bom assim - alguns gostam mais, outros menos -, mas, dependendo do momento, ele é a melhor parada do mundo. Mas a função do chopp, na minha opinião, é a de iniciar conversas de amigos que vão durar por horas. Em certos dias, você tá na pilha de sair, mas não quer ir pra um shpw, nem pra uma boate, nem pra um luau, nem pra uma festinha. Você quer sentar pra tomar um chopp com os amigos. E essa é uma atividade com suas características próprias. As pessoas sentam no bar, pedem os seus respectivos chopps e começam a conversar. Todos os assuntos vão passando pela mesa, desde os mais normais (faculdade, mulher - no caso dos homens -, futebol, os acontecimentos recentes, música, filmes...), passando pelos mais individuais (depende da ocasião), até chegar aos mais metafísicos (religião, filosofia, existencialismo, busca de respostas da humanidade - Plebeu!-). Todos os temas sempre acompanhados de novos chopps. Quando as pessoas se levantam, dificilmente é porque o assunto acabou, mas quase sempre porque o dinheiro não comporta mais nenhum chopp.

É essencial ao chopp: pessoas maneiras pra conversar, um bar agradável (pode ser até um pé sujo, mas agradável) que não seja nem muito cheio nem deserto, temperatura baixa dentro da tulipa e aqueles porta-copos de papel, que ficam molhados e, depois do terceiro/quarto chopp, todo mundo rasga. E muito assunto. Mas isso surge se o primeiro requisito estiver bem preenchido.
LOS HERMANOS

O show foi foda. Eles começaram tocando O Vencedor, do Ventura. Na minha opinião, uma das melhores músicas do último disco. Olha uma pedaço da letra:

"Olha lá
Quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá
Quem sempre quer vitória
perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais
ser um vencedor
Levo a vida devagar
pra não faltar o amor"


Começaram muito bem. O show foi comprido e teve muitas músicas, principalmente do Bloco do Eu Sozinho e do Ventura. Algumas do primeiro disco, umas três. Mas, pra mim, as melhores foram Conversa de Botas Batidas, Sentimental, O Velho e o Moço, Cara Estranho, Samba a Dois , De Onde Vem a Calma e O Vencedor. Não, o show todo foi muito foda, sem exceções.
À PREGUIÇA

"Esse princípio traz uma certa inclinação pela fatalidade. A preguiça é uma estratégia fatal, e a fatalidade é uma estratégia da preguiça. É dela que tiro uma visão simultaneamente extremista e preguiçosa do mundo. Não mudarei, qualquer que seja o curso dos acontecimentos. Detesto a atividade agitada dos meus concidadãos, a iniciativa, a responsabilidade social, a ambição, a concorrência. São valores exógenos, urbanos, performáticos, pretensiosos. São qualidades industriais. A preguiça, quanto a ela, é uma energia natural." (Jean Baudrillard, in Cool Memories II)

Não sou muito de ter preguiça. Geralmente gosto de fazer muitas coisas e ficar parado por muito tempo, na maioria das vezes, me incomoda. Mas, tem certas épocas em que a gente sente saudade de fazer porra nenhuma, pensar em nada e sentir as horas passando. Pois é. A preguiça é muito boa.