10.21.2008

O pedaço da imagem, um detalhe em silêncio.

A partir de um retalho, desfeito do seu resto, assim, sem muito mais.

Uns rostos pequenos, destroçados pela palavra, andando em círculos em um tempo estagnado.

Traçam o abismo da transitoriedade, perguntam a mim, "como?".

Esquecer para sempre virtualizar em gesto.

10.02.2008

não mais falar disso ou daquilo. talvez não mais a palavra que se acerca de uma coisa. a palavra-sintoma ou a palavra-metade, incompletude.

olhar o dia azul que me instiga a escrever, não é para escrevê-lo (muito menos descrevê-lo). não para me referir ao azul do dia, tornando esse azul uma idéia vaga atrás das letras, tentando ser entrevisto por entre as frases. nem para tornar as palavras uma tentativa nula de copiar o azul tão azul do céu que me moveu a escrevê-las.

talvez para ser o próprio azul. não sê-lo na sua característica de céu azul, mas sê-lo na sua característica de palavra azul. assim, respirando as palavras [não digitando-as, nem escrevendo-as], ser palavra-azul, céu-palavra, e uma coisa outra que me foge, porque ainda tento aqui descrevê-la.

***

Fico assim, tentando apontar pra porta de saída de uma poesia relaxada e fugidia.

Porque assim se é sem ser. Sendo, dessa forma, tudo mais céu, necessariamente.
uma suave lufada de ar

como a palavra entre os dedos

pipocando das teclas no monitor iluminado

assim, respirando o pensamento

resolvi reabrir os trabalhos

e espreguiçar as letras soltas pelo quadro

- uma imagem da pequenez muda -

que me movem de dentro do meu quarto.