12.07.2015

six years and it
hurts
and i'm lost

you have showed me that life goes on
and that it goes 
no matter what

thank you for your love
and for teaching the pain of being real

11.24.2015

O quarto era cheio de tristeza, mas a janela era ampla e deixava o sol entrar. O ar era muito frio, queimava meus pulmões a cada respiro, mas eu ficava parado, quieto, respiração mínima, corpo estático dentro daquela luz. Fechando os olhos minhas pálpebras aqueciam, a alma dava um descanso. É importante, de vez em quando, tocar a atmosfera com os olhos fechados. Como eu poderia, àquele ponto, entrar naquele espaço tão triste? A vida é difícil pra todo mundo, murmurava pra mim mesmo. Será que é possível fazer silêncio em português? Eram tijolos vermelhos, parede amarela, cama ampla, lençóis usados, calçada de cimento cinza, cheiro de gordura no couro cabeludo, fios elétricos sobre a cabeça, uma viscosidade eterna, sem fim, a cidade era uma coisa só comigo, e eu, nada. E lá no alto o céu azul. Azul azul azul... falar até perder o sentido. Falar muito, ou falar nada, virar negativo, negativizar até acabar...
A delicadeza... que saudades da suficiência da sua beleza. Mas a tristeza é tão mais bonita, atraente, porque ela habita o tempo com elegância, afunda na extensão dos minutos, não acredita em mais nada.

10.24.2015

today there was an earthquake
for a fourth of a second the world was true
insecure and unstable
dont hurt yourself
-- it said --
you'll die anyway

10.22.2015

parado no ar a indecidibilidade do movimento
un
de
ci
d
ability
o corpo esvaziado -- tenho um?
todo dia é dia de pensar todo dia dia de
não ser
ela disse que não vem mas
vem mesmo assim
todo dia o tempo todo
à noite, um copo de café manhã de sol
perdida no sono
músculos que doem
luto é trabalho

10.17.2015

vai transbordar porque não há mais
onde
colocar enfiar guardar

10.06.2015

deal with your fucking misery
life is hard for every one
why did you ever think you got any privileges?
the smell of the acid metal air in the subway in nyc
the people hanging out late night at the corners of the city moving their bodies in beautiful ways

waking up early in the morning to the sounds
of my grandpa hitting the metal bowl on his buddhist altar

the roughness of the cold snow, frozen rivers, crispy air blowing in through the window early morning
hidden places, her body asleep, while i prepared my cup of coffee toast spread cheese

the smell of coffee and of cooked rice
delicately placed next to bananas and apples to our long gone relatives in some distant land

the discovery of tenderness, gentleness, infinity
her figure sitting by the stairs, a clumsy cigarette between her fingers, revealing my fear of loving too much---i want to always remember that tenderness

the sun hitting my face, waking me up, and the certainty of the sea
long hours in front of old movies cds books, the comfortable certainty of loneliness

the taste of green tea, 11 at night, shared with my father
i miss that, i miss the youth in his face, the future in my mind my mother's calm asleep traces

the width of the world, palm trees, sand dunes, endless green fields, salty seas, strange languages
the tiny round tube in london, the crowds in tokyo, the bitterness of berlin, the sunrise in a temple in cambodia, feeling lost feeling loose feeling there

the vastness of the sidewalk, the smell of rotten fruit at the street market, the fear of fish smell
barbecues by the pool, awkwardness in my body, sand in the swimsuit, afternoons in the movie theater

knowing the past, and feeling the future right on my skin, the size of the universe, following me wherever i went




10.04.2015

in order to sleep, you forget you have a body
"take this little pill, it will make your head numb, your veins swell
and then you die into sleep"
isnt dying just like sleeping?

i thought that i was a whole and that i would never be broken anymore
but every week a spot on my face bursts, aches
inflammation is a symptom of vast emptiness
it's all those years of windy words clogging the pores of my shiny skin

geography is uncanny just like love
the more my body slides through different surfaces, points of reference gradually vanish
with my body my inhalation my perspiration

my blood-- does it exist? today it showed from under my lower lip
a little blood dripped from the chin into the overpriced coffee
which was paid to cover with its black thick burnt taste
the size of my desperation

there's some life in me, it costs 950 yen

her soft body is far, and distance has never felt so hard
i despise the continents, while my ears deafen immersed in a strange language
will i ever see again?
my mind is just melting away

forgive me forgive
for all the silence, but your words your presence your wide wide thoughts
are all within whatever is best in me
that part that will never faint




9.13.2015

na origem
  um choque
  um sussurro
  um passeio
ele disse que ia comer o tempo pra ver se conseguiria
o tempo é o que faz tudo ficar
 
      parado

eternamente estático
entornando sutilezas nas bordas das suas papilas gustativas
olfativas
insensíveis à luz do dia


ela disse que não sabia porque o tempo
o tempo não existia
não sabia não sabia não sabia
não existia porque é tudo só movimento
a entropia da lei
cumulativa
se se acumula é porque é infinito
e infinito não é nada
(ela creía)
infinito não é
nada não é nada não é nada
enquanto do outro lado do planeta
                                   futuramente
ele dormia

9.07.2015

aftasdóemsaudadesidem

8.20.2015

um dia após um dia após um dia após um dia após um dia após um dia


saudades

8.19.2015

sonhando

while i'm awake and you sleep in the other room
i dream of dreaming of you, a smile on your face
the window is wide open, and we can hear the feira beginning outside
the sky is blue, and i feel like love can last forever
that's how i always imagined love
in my dream you're still asleep
and your dream is full of water, your dream has an island, but the island disappears
your dream is complicated but
-- i dream --
the island becomes sand dunes temples a coffee a chocolate in the park your dream includes
_ _
your dream is beautiful, it has a lot of handwriting, unfinished ideas, unclear images
in my dream your dream is peaceful
and the sun is smooth soothing warming gentle
dreams can last as long as i can breathe
under the lamp i dream of living there
in this endless dream of dreams
i see you sleep, you open your eyes, you say
bom dia
but now i doubt my dreams because they can never let me sleep
it's as if i'm in japan and then, following the sun
slowly
gently
silently
i cross the whole territory of the earth
it's a beautiful death
-- i think --
to spread my dreams through the earth
hong kong, vietnam, cambodia
india, turkey, germany, spain
italy, tunisia, morocco
ithaca, new york, rio, são paulo, minas
japan
equatorial sweats arctic frosts
a day sleepless imagining dreams
scattered through the whole surface of this keyboard
this bed
this earth
this historical time
until my absence is completed
and you have woken a thousand times

8.05.2015








things unsaid

let's just please be together
we'll be fine

really

um pouco do seu cheiro ficou dentro do meu nariz na ponta dos meus cabelos
agarrado em algum lugar debaixo das unhas
naquele ponto em que os óculos se recostam sobre o verso
da minha orelha
um resquício de som da tua voz do
teu choro

naquela risada atravessada
na mesa do bar com os amigos cerveja cigarro 
um pouco da tua tristeza
tua felicidade
tua alegria não assimilada
um pouco

e numa outra realidade
paralela
diz a física quântica
caminhos que se bifurcam
um abraço apertado um beijo molhado uma manhã de sol nus na cama
o amor como eu imaginei









quando você me encontrar não fale comigo não olhe pra mim eu posso chorar


saudades
saudades
saudades

saudades do nosso futuro. saudades do nosso futuro. saudades do nosso futuro.

7.13.2015

uma canção me consola

- eu vou.
acordar cedo. umas 9h tá bom, dá pra sentir a manhã. acordar, tomar um café, bem quente, vai me acordar bem e ainda vai dar aquele gosto bom, de casa, solzinho entrando pela janela com um cafezinho na mão, nada melhor. tomar banho, um jato d'água na temperatura certa, aquele cheiro de sabão, sensação de limpeza; prestar atenção pra não deixar água muito quente, chuveiro escroto nunca responde exatamente ao que eu quero, muito sensível, um pouquinho pra esquerda e a água já queima a pele. mas chuveiro bom, parece chuva de verão batendo no corpo, dá pra relaxar bem. concentrando quase dá pra sentir o sol batendo bem nas cosas. de repente uma punheta, de repente não, depende do humor. a vida, cheia de possibilidades, dá pra esquecer na boa, curtir um começo de dia assim, na paz. hoje eu me apaixono por mais 4 perfis do facebook, e a vida assim se enche de potencialidade. entre meu espírito, meu corpo, e o deslocamento dele, todo dia uma frestinha, pequenininha, alguns minutinhos, a única possibilidade pra se viver. ficar ligado, sempre, a passar por ela, entre o café, o alarme, e o chuveiro. ali, nesse espacinho, sente-se o futuro penduradinho se exibindo.

7.11.2015

Tempo

aquele sorriso na fotografia
o gesto mesmo
simples
de tomar a câmera enquadrar atirar
naquele pequeno gesto tão bonito
indiferente
inútil
a história toda se condensa em forma de
afeto
imaginações de amor

quanto mais longe do passado mais entranhado nele

4.23.2015

no dia da origem
fragmentos de mensagens escritas
apagadas
esfumaçadas assim, no ar, no pixel da tela
nem coisa nem não-coisa
na ponta do lápis roçando no papel que desliza
rasga agarra apaga
naquele dia
eu te sonhei
com sangue cheiro e pequenos movimentos
minúsculos
inacabados
naquele dia infinito
a origem nunca acaba

1.25.2015

Um dia, de manhã.

Assim, sozinho. Todo dia de manhã, um pouco.

Aquele gosto, quente, quentinho. Um dia, dois dias, três dias.

Um dia, de manhã.
Um domingo, passarinhos cantando.

Um dia, aquele dia inesquecível. Um dia, sozinho.

Sozinho sozinho sozinho.


--- Escrever é persistência, meu filho. 25% de suor, o resto é tudo mentira.