5.14.2007

Rotina toda


A respiração tomou fôlego aos poucos. E cada inspiração era uma noite e as expirações dias ensolarados. Eu ficava ali. Consumindo noites e soltando dias incontáveis. As chuvas vinham eventualmente, molhar os meus pulmões, que aos poucos enxugavam as gotas, transformando-as em pequenas palavras, molhadas de meu passado: eu as soprava com toda força, empurrando os minutos e os segundos num esforço para o futuro que me esgotava. A cortina do tempo se esfacelava invisível e translúcida na minha frente, aos poucos, à mercê dos borbotões de passado que corriam das minhas narinas e da minha garganta.

estupefatoantesdeontemquebreipoesiaemmetaprosacorridemim
[brecha para inspirar]
omundotodoperdeuosentidosenteisozinhoemcimadomurodurodotictactictac
[inspira o mundo todo agora]
ecomicommeusamigosbiscoitosdeamoraesonhoslongínquos...


Assim nasce pra mim todos os dias em cada dia. Assim a vida anda sem delongas demasiadas e dorme de bruços quando preciso descansar, recostando a cabeça sobre a relva dos meus anseios.

No comments: