5.10.2007

chuva à noite
abre os póros da cidade
que transpira seus cheiros mais sinceros

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É por isso que a chuva - pensamos - tem cheiro de chuva. Sempre o mesmo odor que se debruça nas narinas. Por que ela entreabre os mais sutis vãos da cidade - asfaltos, cimento, pedras portuguesas - e liberta os cheiros entranhados na carne urbana. Mistura e apresenta. Como no mato, ela tem cheiro de mato profundo, o mato mais mato. Na cidade, a cidade mais cidade.

E é também por isso que chuva é bom. Porque ela cheira a minha vida. Lá no fundo do irredutível, do que é - é pra mim. Pontua lembranças, abrindo o pote da memória inesperadamente.

Perfume de desde sempre. E de ao meu infinito.

1 comment:

tati said...

Lindo, lindo, lindo. É ele de olfato e sensibilidade aguçados. Bom voltar aqui e pular do EL para o sobre as coisas, porque já estava cansando de tanto tentar turvoturvo.blogspot.com
Saudades