3.27.2007

Enxarcou a camisa de lembranças e pedalou até cair dentro do mar. Enquanto afundava ao peso do seu corpo, dissipava - um a um - cada pedaço de memória incrustrado por entre os fios da trama. Algodão, tinta e um pouco de si e dos outros. A casa antiga, cheiro de madeira, primeiro beijo no escuro da festa, aviãozinho de papel e música fresca no domingo de manhã.
O sal ocupava lentamente as suas frestas que ficavam abertas. Sentia-se bem enquanto adormecia.

Esvaziou e flutuou leve em direção ao fundo. Um sorriso e muito gosto de agora.

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