10.05.2006

Indescritível

Existe uma parte das coisas que não são descritíveis.
Há o que se vê, o que se decodifica, o que se compõe, racionaliza-se, que se manifesta materialmente. E o resto. O resto é o sentido. E quando colocado assim, tenta-se descrever. E a descrição é absolutamente insuficiente. Não é o sentido do signo. Não aquilo que preenche nossa expectativa. Aquilo para o que não se pode ter expectativa, porque não se prevê, não se mensura. Que não está nas coisas, mas em uma brecha quase inexistente entre o que sai e o que chega. A brecha que está de uma forma diferente, individualmente distinta em cada sujeito. Que não pode ser, senão para cada um. Porque cada um se constituiu de forma inteiramente diferente. E a partir daí, o mundo passa a ser uma construção única, empírica e infinamente solitária. O sentido do mundo que é existir. E existir, que é uma experiência estritamente sua e minha e dele e dela. E nunca nossa. Apenas no sentido que existimos. E aí as coisas são bonitas. Demais.

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