10.08.2009

Não porque me secaram as palavras. Nem porque me sequei delas. Mas porque às vezes elas já estavam tão bem encadeadas que se torna inútil repeti-las tantas vezes, tentando tomar um caminho diferente.

A minha vida parece uma montanha-russa meio tortuosa, mas cujas curvas radicais acalantam inúmeros espaços minúsculos (junções deles) que resultam em uma calmaria tão harmoniosa que já ofuscam o turbilhão. Não é verdade que cada curva é feita por momentos que podem se prolongar ao infinito? Lições que Borges nos deu.

Aqui, reflito essa curva imensa que é pura calmaria. Há pouco mais de um ano atrás, em 06 de julho de 2008, tudo parecia tão diferente do que é hoje, mas permaneço, sem dúvida, nessa mesma curva tortuosa:


"Espero aqui, sentado, balançando as pernas, o tempo se pronunciar. Ele nunca diz nada, mas deixa suas pistas delicadamente, utilizando-se de si mesmo para enganar-nos.

Malandro de outrora, no entanto, ele já não consegue me enganar tanto assim. Foco minha vista já cansada da espera e, juntando-me à sua eterna brincadeira de esconde-esconde, instalo-me no seu trabalho e, no esforço de imaginar a sensação do invisível, consigo degustar cada aceno que me dá. Conseguimos então, assim, selar a amizade que, ao mesmo tempo, provoca o escárnio e o imenso respeito que cultivo."


Sigo no meu exercício (o meu artifício mais bem trabalhado)...

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