10.25.2009

Nada pra escrever, mas vontade de falar.

Hoje, durante todo o dia, falei só por 14 minutos. Contados. Ao telefone e em espanhol. Ainda bem que existe a internet. Assim posso soltar uma palavras para o interlocutor imaginário. Absorto que estava em trabalhos e afazeres, não digo que cheguei a me dar conta do meu silêncio. Ouvi música, escrevi, li. As palavras nunca deixam de ecoar. Chegando à noite, no entanto, quis expeli-las. Falei sozinho, testei minha voz. De fato, outros ouvidos são necessários. Em português, de preferência. Senti o peso do pensamento. Ele tem o peso do meu corpo com o da comida que ficou na geladeira pra refeição de amanhã.
Não reclamo. Não produzo tragédias auto-piedosas (não mais). Acho bom perceber que, preso dentro das palavras não proferidas, meu pensamento se torna tão volumoso que se perde em si mesmo: perco o sentido. Isso me traz algum contentamento estranho, como se tivesse mais certeza do que sempre intuí. É necessário cultivar a boa comunicação, aquela tão rara quanto preciosa. Essa eu já possuo. Ainda que, por ora, meio distante fisicamente.

1 comment:

Juliana Cardoso said...

gostei muito do que vc escreveu... fiquei pensando no que vc elegeu como assunto pra falar sozinho... e tb pensei "mas nem no momento da musica ele cantalorou"? e, mais: pensei no momento que vc se deu conta do seu silencio - ele torna-se consciente e vc escreve sobre isso. bjs com sabor de mar (apesar do calor incrível que faz aqui)... beijos