7.29.2008

Tempo tempo
tanto tempo
lambendo as quinas das mesas
sorvendo as gotas nos copos
rasgando aos roupas esticadas no varal
tanto tempo
abraça meu corpo engole quase tudo
me perco
brincando de esquecer o seu domínio.
Deleitado, exibe o rosto retorcido
sorrisos estridentes mostrando aqueles dentes amarelos
corroídos
constrói seu edifício
inteiro
sobre minha ingenuidade acalentada com destreza.
Austero é ele que me impregna de tristeza
gabando-se da sua suprema existência:
"Sou poesia, intesidade e profunda beleza"
Esgotando noites a fio
desfilando meu próprio desespero
escancara meus espaços recônditos
escondidos
percebe o apagado
recoloca em mim o trágico que enterrei há muito tempo
debaixo do meu travesseiro.

Hoje engoliu meus pensamentos.
Digere pouco a pouco
enquanto suspira balançando as folhas das árvores
que vejo da minha janela.

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