7.18.2009

Não posso sentir muita coisa. E não digo que pouco me importa tudo isso, a história, minha família e todas essas coisas que me empurraram para dentro dos meus ouvidos desde que nasci. Não sou dissimulado o suficiente. Talvez lhes importem mais a quem o diz. Mas, enfim, isso a mim não importa - quem o faz e quem não. Mas de fato, não sinto tanta coisa assim. Já era de se esperar. Desde que cheguei, percebi isso: aqui nada me fala. E não há importância no fato de que fale a língua, conheça os hábitos, e até saiba do seu pensamento. Interessantes, distintos, pitorescos e surpreendentes. Emocionantes e familiares são adjetivos muito forçados. A narrativa não vai tão longe, posso garantir. Quem inventou a balela de encontro de raízes estava certamente tão fascinado com a História de um Si transcendente que não pôde se lembrar que historietas são mais acalentadoras. Aquelas de ontem, do ano passado, de um minuto de um dia qualquer. E que o corpo é tão mais senhor da presença (e da ausência, por que não?) que ali estão memórias preciosas, que dali saem e para fora se escapam. Não me emociono, não vejo nenhum passado que seja meu em nenhum lado pra onde olhe por aqui. Não que isso seja algo ruim, mas tampouco me ponho a buscar um arroubo de profundidade metafísico-memorialista em algo que aí está, assim, que é do corriqueiro, da vida daqueles que aqui passam. E eu também aqui passo. Agora. E meu corpo não encontra acúmulo nenhum que o arrebate. Acúmulo, se há, é nele, e não por aí afora. E dele podem sair coisas novas e se reterem outras. Dele, sempre, porque, inevitavelmente é de mim que falo agora.

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