12.01.2008

Palmas!

Atentando aos movimentos dos dias, às temporalidades dos espaços, e às mil bifurcações possíveis, eis que volta a escrever um amigo.


À maneira de respirar - não de organizar os pensamentos, mas torná-los algo palpável, tranformá-los em coisa, nem que sejam sons, ruídos, rabiscos - escrever pode ser necessário. Assim, sem a necessidade de embelezar, mas sim para deixar denso, transformar numa intensidade: não dizer o que há para ser dito, escrever como se fosse um momento antes de dizer, alguns diriam pensamento em estado puro, ou pode ser, quem sabe, linguagem sem a necessidade do mundo como referente (forçosamente, a lógica tem que ser interrompida).

"O prazer do texto não é necessariamente do tipo triunfante, heróico, musculoso. Não tem necessidade de se arquear. Meu prazer pode muito bem assumir a forma de uma deriva. A deriva advém toda vez que eu não respeito o todo, à força de parecer arrastado aqui e ali ao sabor das ilusões, seduções e intimidações da linguagem, qual uma rolha sobre as ondas, permaneço imóvel, girando em torna da fruição intratável que me liga ao texto (ao mundo)" (Barthes, R. "O Prazer do Texto")


Sendo assim, desrespeitoso, não no esforço hercúleo do sentido, do conclusivo e do opinativo. Os textos bons (também esses textos amigos) são assim - tanto como texto quanto como mundo - fruição intratável.

Texto sem sujeito, mas texto-mundo, que pode passar longe da referência de um "ponto de vista".

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