2.23.2008

Quando acordou, abriu os olhos perto da janela. O sol branco deixava tudo meio uma coisa só. Escutava algum barulho de trânsito, enquanto queria ouvir passarinhos.

Ouvia passarinhos.


Rondava todas as manhãs por um poço tão profundo de memória que se perdia a cada início de dia. Não sonhava quase nunca - pelo menos não se recordava de nenhum sonho. Mas aqueles minutos do abrir os olhos eram sempre a comprovacão de alguma coisa que ainda estava pra descobrir. Como se de um momento para o outro, a vida pudesse passar a existir. Assim, de repente. E, da mesma forma, como se pudesse parar e respirar um pouco.

Assim que acordava estava fora do tempo, e lá a vida parecia ganhar a forma. Naqueles minutos, estava em si o tempo inteiro, e aquele intervalo (quase inexistente) parecia definir tudo que estava fora dali.

Um intervalo branco, fresco, com textura de suco gelado e boca seca. Assim se explicavam os dias inteiros.

1 comment:

luana said...

muito bom, keiji! "bravo bravo" (palmas)
o que me dá vontade nesses dias é de inspirar a cor do ceu e sentir meu pulmao encher de branco!!!....pena que nao dá.
pra mim, o branco desses dias se anuncia superior, impecavelmente bonito,indiferente e distante. é como se o dia escolhesse nao interagir comigo.
entao, ele vira a cara pra mim e eu viro a cara pra ele.como dois introspectivos, sozinhos no mesmo lugar.