A Clara me passou uma maldição.
Frase da página 161
1 - procurar um livro próximo;
2 - abri-lo na página 161;
3 - procurar a quinta frase completa;
4 - postá-la no seu blog;
5 - não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6 - repassar a outros cinco blogs.
A minha frase:
"Mas ele não podia mais descrer da realidade do amor visto que o Próprio Deus havia amado sua alma individual com amor divino desde toda a eternidade"
(Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce)
p.s.: Primeiro peguei o livro "Bartleby e companhia", de Enrique Vila-Matas, mas na página 161 só tinha frases longuíssimas, não chegando à quinta. Logo depois peguei esse. Confesso que não gostei da frase, achei muito austera, mas coloquei aqui pra respeitar o espírito da brincadeira. Também confesso que escolhi abrir algum romance por querer algo mais relaxado do que os muitos livros de teoria, filosofia etc. que me rodeiam neste momento. Me fudi, não é nem graciosamente aleatória nem uma descontração a frase que veio. Outra condição foi um livro que não me exigisse levantar da cadeira, apenas esticar o braço.
5 blogs: Marcel, Júlia, Carol, Dally e Tati.
12.29.2007
12.28.2007
Uma linha de força,
uma fuga
obsolescência de si mesmo.
Na foto, a imagem passada resgata a sensação do presente intenso. Enquanto sorrio e converso com o parente do outro lado da mesa, em algum dia perdido na última década, parece que me acumulo em mim mesmo até chegar ao depositório transbordante que apresenta-se hoje como 'eu'. Assim até morrer. A saturação infinita: passado esvaziado, ingênuo, com o muito-espaço-ainda-por-vir, como se as experiências já tivessem seu lugar ali reservado. Hoje, tessitura engordurada da vida e dos gestos. Muita significação. O fim, no entanto, é inexorável, mas também incalculável. E os espaços, só forma de organização.
Saio da imagem e volto-me a hoje e, incrivelmente, ao virar-me para o inapreensível, esqueço-me e pareço comigo desde que nasci. Na fotografia, um depositório, mas aqui, um sempre-sendo desde os tempos mais remotos. Presente sem futuro. O presente intenso trazido pela imagem é um já-passado, um presente em comparação, uma composição de mim para mim. Sem moldura, no entanto, posso extrapolar essas pequenas definições.
uma fuga
obsolescência de si mesmo.
Na foto, a imagem passada resgata a sensação do presente intenso. Enquanto sorrio e converso com o parente do outro lado da mesa, em algum dia perdido na última década, parece que me acumulo em mim mesmo até chegar ao depositório transbordante que apresenta-se hoje como 'eu'. Assim até morrer. A saturação infinita: passado esvaziado, ingênuo, com o muito-espaço-ainda-por-vir, como se as experiências já tivessem seu lugar ali reservado. Hoje, tessitura engordurada da vida e dos gestos. Muita significação. O fim, no entanto, é inexorável, mas também incalculável. E os espaços, só forma de organização.
Saio da imagem e volto-me a hoje e, incrivelmente, ao virar-me para o inapreensível, esqueço-me e pareço comigo desde que nasci. Na fotografia, um depositório, mas aqui, um sempre-sendo desde os tempos mais remotos. Presente sem futuro. O presente intenso trazido pela imagem é um já-passado, um presente em comparação, uma composição de mim para mim. Sem moldura, no entanto, posso extrapolar essas pequenas definições.
12.18.2007
12.07.2007
Meio enviesado, assim, meio de lado. Andando a passos largos, contido no pensamento, cortado em quatro, cinco, quantos forem os obstáculos.
Corri debaixo da chuva, cabeça molhada e pele toda ensopada. Corri extremamente parado. Correu a chuva na pele, na lente dos óculos, molhou o cigarro. Apagado, complexado, conversei poucos diálogos.
No percurso longo, demorado, vivi a espera do próximo segundo, extenuado com o entorno, calculado, previsto, obliterado em coisas sempre já vistas.
A pista e o corpo, nela refletido, contendo espasmos, impulsos dos dias mais quentes, mais atrás do presente. Detrás do sempre, o sobressalto do mais-agora. Assim, mais pra dentro, como no quarto claro que espera o sono atrasado. Assim, meio enviesado, meio de lado.
Corri debaixo da chuva, cabeça molhada e pele toda ensopada. Corri extremamente parado. Correu a chuva na pele, na lente dos óculos, molhou o cigarro. Apagado, complexado, conversei poucos diálogos.
No percurso longo, demorado, vivi a espera do próximo segundo, extenuado com o entorno, calculado, previsto, obliterado em coisas sempre já vistas.
A pista e o corpo, nela refletido, contendo espasmos, impulsos dos dias mais quentes, mais atrás do presente. Detrás do sempre, o sobressalto do mais-agora. Assim, mais pra dentro, como no quarto claro que espera o sono atrasado. Assim, meio enviesado, meio de lado.