4.29.2007

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O ponto final é uma precipitação sobre um abismo.

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Depois de tudo esqueço o que um dia me recordou a minha própria imagem.

Andei sobre os fatos do dia com a coragem de quem não vê passar o tempo afundado na cama. Coragem de sentir passar. Soprei as palavras que queria ouvir na hora boa e comi toda alegria do mundo. A digestão levou os grãos mais pesados. Ficou aquela sensação de fotografia em preto e branco, luz na janela e céu azul.

O ar fresco me permitiu ser eu-sem-peso. Eu e tudo que traz a minha carapaça móvel. Falei chá verde, arroz e muita areia quente de verão. E constatei grãos porosos que deixam a água passar. Retém os destroços e cristalizam os sentidos.

O sentido de tudo que não entendo é aquilo que me comove.
pelo menos em mim a festa quebra futuros possíveis

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ando asséptico pelos espaços

sujando de mim um pouco de tudo que brota

na superfície dos olhos e no fundo da memória

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não se vê

construo meu abrigo aqui

e carrego por todos os cantos

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o mundo que existe

sopra vazio e cheio

na caminhada de volta

que toma o meu tempo inteiro

4.23.2007

agarrei os segundos e soltei
sobre o só visível

cheguei no não-eu bonito daquilo que me não está fora

Água concetrada de pensamentos
(rio e não lagoa)
excretados no último momento do dia

agora

4.20.2007

acariciando a folha com amanhã e depois
captei os ontens e um pouco de hoje
e soprei sobre as frestas de mim mesmo

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A dificuldade e facilidade de criar sentido
é o próprio espaço em branco

[escorreguei e imprimi]

4.19.2007

(sumi-ê ronronado)

Molhei minha cabeça de verbo e tinta preta
e esfreguei na noite escura
da música dos meus olhos

4.18.2007

Branco em vez de preto. Negativo e positivo. Tudo junto.
Nem lua nem sol. Só luz.
[queria secar]


janela sobre a cama e um latido de cachorro


[reduzir e avistar]


céu azul e sensação aberta


[sentir e desverbalizar]


cheiro de tudo e ontem quase sempre


[suprimir a página]


lembrança e olho fechado


[esvaziar]


meu mundo
1, 2, 1, 2

respiração e gole d´água

persigo o foco dentro
olho e no final
não busco nada

1, 2, 1, 2

os sentidos incrustrados nas coisas
corpo mole e mastigado
o tempo surge
e desaparece com o pensamento

fio solto das minhas frases
solto
e não digo coisas aparentes

revolver e começar e esvaziar e esvaziar

busca no intervalo
entre mim e mim mesmo
que lá está
(aquilo)
do que está e não está

4.16.2007

lá-ra-lá

Ouvi a música guitarra com suor
as batidas efêmeras sumiam no ar
o corpo pulava encantado com o presente

pá pá pá pá - wow!

A juventude é bela
e não existe
Emociona

Cigarro e coca-cola
e muita alegria destilada pelo ar

4.14.2007

Abri o olho e o verde passou

Soprei respiro nota a nota (a música falava pela paisagem)

Os pensamentos molhados de suor
- e molho de soja bem preto da cor do meu cabelo -

Cobrei de mim as partes do mundo
todas em uma lista miúda e ilegível

Até que escorregado entre os instantes
Dormi de volta e recostei sobre mim mesmo.