10.29.2003

ARCAICO

"eu tinha de gritar em furor que a minha loucura era mais sábia que a sabedoria do meu pai, que a minha enfermidade me era mais conforme que a saúde da família, que os meus remédios não foram jamais inscritos nos compêndios, mas que existe uma outra medicina (a minha!), e que fora de mim eu não reconhecia qualquer ciência, e que tudo era só uma questão de perspectiva, e o que valia era o meu e só o meu ponto de vista, e que era um requinte de saciados testar a virtude da paciência com a fome de terceiros" (Lavoura Arcaica, p. 111)


Esse livro é absurdamente foda.


É ilusão achar que somos exlusivamente o que escolhemos. Somos também a expectativa dos outros, somos as escolhas de outros. Somos - muito - as frustrações
de muitas pessoas - talvez a maioria nem conheçamos. Temos milhões de idéias pré-produzidas, opiniões recicladas e gostos refinadamente copiados de um pro outro.

E o que sobra de individualidade, a gente gasta sozinho cagando ou é queimado nas drogas. Ou na igreja.

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