Não como morrer,
mas talvez aquele estado de latência do coma induzido:
há lá uma vida, apenas distante do que nos é visível.
3.28.2009
3.15.2009
Estrebuchar
Chafurdar
às vezes as palavras prescindem do seu significado.
Hoje de manhã, acordei tão bem disposto, que estrebuchei um pão com queijo minas delicioso, enquanto a luz do sol chafurdava nos meus pensamentos.
O estrebucho ficou preso ali na porta da sala. Não chafurda demais, senão ele pode acabar soltando e quebrando o vidro da mesa.
Chafurdar
às vezes as palavras prescindem do seu significado.
Hoje de manhã, acordei tão bem disposto, que estrebuchei um pão com queijo minas delicioso, enquanto a luz do sol chafurdava nos meus pensamentos.
O estrebucho ficou preso ali na porta da sala. Não chafurda demais, senão ele pode acabar soltando e quebrando o vidro da mesa.
3.10.2009
Atividade de esvaziar sem estagnar
Diante da cidade
por sobre. sob. entre. dentro. fora.
de todos os afetos
Antes de ver e depois de ouvir
(sem falar)
Diante da multidão de ausências
madrugada
e as horas que passam
passam e páram e acenam com a luz amarela de poste
As pessoas tão assim
entretidas em si
Diante da miríade incomensurável
de camadas secas e molhadas
dos espaços que trepam
uns sobre os outros
Caminhos possíveis
eu, o outro
Diante.
Mergulhou
num fôlego do tamanho da sua memória
tentou escrever a saudade e a presença e a ausência
Mas não se trata de escrever. Nunca. Nem de ver. Muito menos isso! Nem ouvir, nem representar.
Esteve um pouco. Recostou e existiu por quatro tempos de um silêncio que espalhou pela superfície.
Dos olhos. Do asfalto das ruas. Do cinza do azulejo. Do azul metálico do carro a 100km/h. Das vozes queridas.
Assim é a cidade. Assim terá que ser.
Diante da cidade
por sobre. sob. entre. dentro. fora.
de todos os afetos
Antes de ver e depois de ouvir
(sem falar)
Diante da multidão de ausências
madrugada
e as horas que passam
passam e páram e acenam com a luz amarela de poste
As pessoas tão assim
entretidas em si
Diante da miríade incomensurável
de camadas secas e molhadas
dos espaços que trepam
uns sobre os outros
Caminhos possíveis
eu, o outro
Diante.
Mergulhou
num fôlego do tamanho da sua memória
tentou escrever a saudade e a presença e a ausência
Mas não se trata de escrever. Nunca. Nem de ver. Muito menos isso! Nem ouvir, nem representar.
Esteve um pouco. Recostou e existiu por quatro tempos de um silêncio que espalhou pela superfície.
Dos olhos. Do asfalto das ruas. Do cinza do azulejo. Do azul metálico do carro a 100km/h. Das vozes queridas.
Assim é a cidade. Assim terá que ser.
3.02.2009
Atividade de um cheirador
Quanto de espaço sobra depois de aspirar com as narinas todas as ruas da cidade?
Como o drogado cheira sua carreirinha, ele passou a se dedicar, dia-a-dia, a puxar para os pulmões as ruas e quarteirões de que sentiria mais falta.
As esquinas ficariam, quem sabe, pra última semana. Essas seriam demasiado pesadas pra um sorver corriqueiro.
Mas, afinal, quanto de espaço sobraria?
Quanto de espaço sobra depois de aspirar com as narinas todas as ruas da cidade?
Como o drogado cheira sua carreirinha, ele passou a se dedicar, dia-a-dia, a puxar para os pulmões as ruas e quarteirões de que sentiria mais falta.
As esquinas ficariam, quem sabe, pra última semana. Essas seriam demasiado pesadas pra um sorver corriqueiro.
Mas, afinal, quanto de espaço sobraria?