11.24.2008

Chove há tanto tempo.






Saudades...

11.21.2008

Um pedaço de papel, com algumas letras impressas. Nenhum palavra completa. Assim, sem mais nem menos, umas três ou quatro pequenas manchas de tinta, algum mofo e um rabisco de lápis velho. Como se não fosse nada. De dentro de sua inexpressividade apática, sorriu-me um cheiro bom, cheiro de coisa antiga, de prateleira empoeirada, profunda. Cheiro do fundo de prateleira, com livros e livros amontoados. Livros nunca abertos.

O vento bateu e fez voar esse pedaço de papel. Bateu no meu olho, pousou bem em cima do "w" no teclado do computador. Um pedaço de tempo sem tempo, tempo puro, em forma de cor amarelada, esfarelando anos e anos entre os meus dedos. Não pela palavra, mas pela própria coisa de ser papel, com letras esmaecidas, de ter sido livro, livro na prateleira, lido ou não lido, mas um dia pensado, escrito, reescrito, revisado. Um dia criação, trabalho e alguma dor de cabeça. Agora, pedaço de papel, que voa com o vento e cai em cima do meu trabalho.

Um instante de coisa pura. Sem verbo nem pensamento. Cheiro amarelo, vento manchado com tinta desbotada. Pedaço que já é inteiro.

(escrever escrever escrever... atividade absorta, mas bem prazerosa. Algum quê de diálogo em silêncio, passar a falar com as coisas e perceber nelas a sua total independência em relação a mim)

11.19.2008

Chuva que escorre no rosto da cidade.

Memória de chuvas outras: mas não, só coisas molhadas, reluzindo a luz branca que sai do céu. Coisas-ruas e gente, asfalto quente esfriando com a água.

A chuva é bonita só por ser chuva, por existir e mostrar o tempo em sua ação mais refrescante.

11.18.2008

Da tela em branco, cada palavra como um respiro.

Em cada uma, temporalidades intensivas. Palavra-imagem e todo o impensável entre as duas pontas.


Assim é possível escrever.