5.10.2009

Domingo Nostálgico


Retirado de um distante texto de uma distante Juju, nos idos de 2007, nos confins de uma Alemanha quase Japão:


"Quero saber de amanhã, não quero saber de oceano. Quero Dezembro e Carnaval. Nunca achei que fosse querer isso."


Só temos soluções, sempre. E elas sempre vêm acompanhadas de tantas coisas: penduricalhos bons, feitos de boas, extensas, profundas, rasas e macias palavras, abraços e afetos. Corremos atrás o tempo todo dos problemas (eu sei que isso pode parecer clichê, mas é essa a impressão do momento).


*


As cidades em mim


A cidade aqui funciona como um mecanismo correto. As pessoas vestem ternos, trabalham de manhã até à noite. Embriagam-se e ficam felizes para pegar o trem e voltar no dia seguinte. As meninas e os meninos se vestem impecáveis. Andam com seus celulares à mão. Comunicam-se intensamente até o momento em que se encontram. Agradecem, desculpam-se, escondem-se embaixo dos seus cabelos complexos e empinados. Os carros andam na velocidade esperada, param no sinal, continuam, nunca estacionam (aonde vão todos eles quando não estão em movimento?). Os prédios - perfeitos como todo o resto - ao cair da noite, colocam suas roupas contemporâneas e deixam deslizar os letreiros, as imagens, as grandes placas de luzes - azuis, vermelhas, brancas, amarelas. As lojas vendem, as pessoas compram. Elas fumam nos lugares permitidos e desculpam-se quando se esbarram. Elas quase nunca se esbarram - mas são tantas! (Como conseguem?).

A grande máquina perfeita.

Enquanto isso, do outro lado, um sobressalto e outro do grande caos urbano: a máquina se lembra de que é máquina. Nos intervalos - longos e expansivos - as pessoas respiram com apuro, olham bem pras outras, e sentam na mesa pra bater um papo. Estão na máquina desnudada: tempo suficiente para se esquecerem e se enredarem.

A máquina é ótima, mas ela pode se desmantelar toda naquela mesa de bar. Assim é possível juntar novamente suas peças e contruir um novo mecanismo. Em mim, não aparo as arestas, nunca: deixo elas se colidirem e encontrarem seu encaixe. (Talvez por isso eu prefira o Rio).

1 comment:

juju said...

"O Keiji me citou no blog dele"
[com o pescocinho esticado, sobrancelha levantada,cabeça inclinada, nariz arrebitado, sorriso de boca fechada]