
Essa imagem foi roubada da internet. Não sei quem tirou. Tenho aqui no meu computador há uns meses já. Praia de Icaraí, numa tarde de um dia de semana qualquer.
É impressionante, mas olho pra ela e quase acredito que ela seja o que representa. No passar do tempo, aqui, tão distante do que ela retrata, ela, de fato, passou a quase ser aquilo que pretende representar. Minha memória se faz presente em imagens e sons. Assim ela se reaviva. E, muito mais, ela se faz presente nas minhas saudades, que oscilam em momentos, dias, semanas. Tendo a pensar que não sinto mais a falta física que sentia: já estou aqui e meu corpo aprendeu isso com os meses. Ele não grita mais: "não sou daqui". Tenho uma vida, hábitos, pensamentos. Meus sonhos já se mudaram, acompanham agora o corpo. O português me acompanha, quase exclusivamente no meu pensamento, que, durante o dia, se torna confuso com os idiomas, nasce sempre em português, mas no caminho toma a forma do inglês, do japonês, do espanhol, do francês. Cansa-se e, às vezes, quer apenas não ser. A língua se tornou tão notória que parece que precisa fugir de qualquer uma. Não ser mais pensamento. Mas, no entanto, se refestela quando reencontra o português, lendo o jornal, um romance ou falando na internet. Orgulha-se de existir e de ainda ser tão pregnante em mim.
Não sinto falta, portanto. Cheguei ao presente. Este presente que se faz existir sempre a partir (sim, é ponto primordial) das minhas saudades. É como se estivesse num paradoxo estranho: não acredito que necessariamente deva não estar aqui, ou estar aí, dentro da imagem. Mas a saudade já é necessária, concede alguma coisa que subjaz o tempo inteiro. A saudade já sou eu, de uma certa maneira. Aqui, necessito dela.
Hoje senti bastante saudade. E resolvi escrevê-la.
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