10.14.2009


Essa imagem foi roubada da internet. Não sei quem tirou. Tenho aqui no meu computador há uns meses já. Praia de Icaraí, numa tarde de um dia de semana qualquer.

É impressionante, mas olho pra ela e quase acredito que ela seja o que representa. No passar do tempo, aqui, tão distante do que ela retrata, ela, de fato, passou a quase ser aquilo que pretende representar. Minha memória se faz presente em imagens e sons. Assim ela se reaviva. E, muito mais, ela se faz presente nas minhas saudades, que oscilam em momentos, dias, semanas. Tendo a pensar que não sinto mais a falta física que sentia: já estou aqui e meu corpo aprendeu isso com os meses. Ele não grita mais: "não sou daqui". Tenho uma vida, hábitos, pensamentos. Meus sonhos já se mudaram, acompanham agora o corpo. O português me acompanha, quase exclusivamente no meu pensamento, que, durante o dia, se torna confuso com os idiomas, nasce sempre em português, mas no caminho toma a forma do inglês, do japonês, do espanhol, do francês. Cansa-se e, às vezes, quer apenas não ser. A língua se tornou tão notória que parece que precisa fugir de qualquer uma. Não ser mais pensamento. Mas, no entanto, se refestela quando reencontra o português, lendo o jornal, um romance ou falando na internet. Orgulha-se de existir e de ainda ser tão pregnante em mim.
Não sinto falta, portanto. Cheguei ao presente. Este presente que se faz existir sempre a partir (sim, é ponto primordial) das minhas saudades. É como se estivesse num paradoxo estranho: não acredito que necessariamente deva não estar aqui, ou estar aí, dentro da imagem. Mas a saudade já é necessária, concede alguma coisa que subjaz o tempo inteiro. A saudade já sou eu, de uma certa maneira. Aqui, necessito dela.

Hoje senti bastante saudade. E resolvi escrevê-la.

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