9.13.2004

Perimetral. Voltando a alguns anos atrás, enquanto eu ia pra Botafogo. A chuva, num domingo em que você não sente a angústia de não-viver, é sempre muito boa pra achar que você pode estar tão bem quanto esteve há alguns anos atrás. Anos atrás, indo pra algum lugar.
As coisas poderiam ser tão melhores quanto eu tão menos observador. Conforme os dias passam, os meses e assim por diante, a rua fica cada vez mais rua, o carro cada vez mais carro, e as coisas cada vez mais as coisas. As pessoas talvez também. Voltam para a existência real delas. Sem metafísica e sem expectativa. Os livros talvez ainda guardem algo mais. E alguns cds - até os cds e os vinis e as músicas...
Quando as cores eram mais saturadas, a vida era mais interessante. E o preto e branco contrastado um charme quase inexplicável. Ano passado certamente foi bem melhor do que esse ano. A vida tende a um declive que parece interminável. Como as pessoas conseguem viver até os 60? Resistência sem limites talvez não seja o meu talento. - e o talento ainda era algo que realmente existia -...
Pois então, nesses momentos, é importante ater-se àquilo que se sente vontade. As poucas coisas que merecem esse posto ainda podem ser interessantes. Provincianamente e ignoravelmente interessantes, mas ainda assim ocupam parte do seu dia. E assim se vai.
O passado sempre é um bom lugar ao qual recorrer. E, nos dias de chuva, domingo, em que não se ocupa a mente com quase nada, ele vem certamente. Pelo menos para quem o resto não oferece muita coisa.

Mente vazia: mente sã.

Renovar é um processo que, infelizmente, descarta todo o resto do mundo.

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