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Silêncio!
Não está vendo que estou morto?
Sei que por longas horas
passei pela poeira de anos escuros
entoei versos apodrecidos
embebido de vinho estragado.
Quando resolvi me desfazer
de mim mesmo
foi gloriosa a calma
que me prendeu aos dedos
ao rosto
à pouca coisa
que me restava.
Não consigo contentar-me
com esse placebo de merda
anestesia de almas
rasas e rotas
gangrenando pelos cantos escusos.
Sou como todos
mas vejo isso com claros olhos.
O pensamento come qualquer intenção
vazia que nos acomete.
Penso que não sou mais
parte de tudo que me traz
os estranhamentos encobertos
pelo meu desfalecer.
Silêncio!
Respeita minha morte
que eu respeito o teu padecer.
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